quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

RÓTULOS – PARTE II: BRASIL

No Brasil, as correntes de pensamento econômico não são tão bem definidas como nos EUA, e o que segue é uma tentativa de sistematização, sujeita a críticas. Os economistas ortodoxos são indistinguíveis entre neoclássicos e neokeynesianos. Os demais economistas do Brasil são heterodoxos. Os heterodoxos, por sua vez, costumam referir-se aos ortodoxos como neoliberais. O termo neoliberal, todavia, não foi bem definido, mas serve, por exemplo, para referir-se ao Consenso de Washington como sendo um conjunto de política econômicas neoliberais.

Dentre as políticas ortodoxas recomendadas, algumas das quais incluídas no consenso mencionado, estão livre comércio, câmbio flexível, extinção de subsídios, privatização, governos fortes e compromissados em extinguir falhas de mercado e reduzir a pobreza promovendo a educação.

Os heterodoxos costumam associar aos ortodoxos políticas econômicas curiosamente ausentes da cartilha ortodoxa. Por exemplo, heterodoxos costumam dizer que o governo FHC foi neoliberal, mas esquecem-se de dizer que aumento ininterrupto da carga tributária durante esse período, indexação de tarifas administradas à inflação passada, câmbio fixo até 1999, CPMF, manutenção de universidades públicas, de empresas e bancos estatais, etc. são políticas tipicamente heterodoxas.

Na verdade, nunca antes neste país houve um governo tipicamente ortodoxo, em que as falhas de mercado são supridas pela vigilância de agências reguladoras fortes e tecnicamente competentes, governos enxutos porém robustos, educação básica universal e de alta qualidade, ausência de subsídios e livre comércio internacional, entre outras medidas de impacto microeconômico.

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