quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O Princípio da Seleção


Poucos princípios científicos são tão gerais e controversos quanto esse. Genericamente, o princípio sugere que se duas (ou mais) variáveis podem estar relacionadas de duas (ou mais) maneiras, o sistema mais estável tem maior probabilidade de sobrevivência. Assim, se por exemplo houvesse dois sistemas solares no início dos tempos, mas as leis de atração dos corpos só valessem em um deles, o outro tenderia a se dispersar e somente as relações válidas no primeiro seriam eventualmente observadas.

Não por acaso este é tido pelos teólogos como a maior ameaça à prevalência das religiões. Por este, o ideal de equilíbrio e harmonia observados na natureza passa a ter uma explicação alternativa à necessidade de uma inteligência criadora superior: basta que ao longo do tempo as relações menos estáveis fossem desaparecendo gradualmente. Também a ciência é posta em xeque por este princípio, pois as leis científicas que descrevem as relações entre variáveis passam a ser potencialmente verdadeiras apenas no contexto do mecanismo que as selecionou.

A descoberta do princípio da seleção é um divisor de águas na história da ciência, pois dividiu o foco da pesquisa em descobrir tanto as relações de causalidade entre variáveis existente num dado contexto de estabilidade, como também descrever os mecanismos que selecionam estes contextos em detrimento de outros. Em algumas áreas (como a física), o contexto é dado, e a maioria das pessoas não acredita que vá mudar. Nestes a realidade tampouco permite a observação de leis que seriam válidas em outros ambientes, então perder tempo analisando tais possibilidades não faz sentido. Em outras áreas, como biologia e ciências sociais, o entendimento das relações prevalentes em equilíbrio é tão importante quanto a descrição dos mecanismos de seleção.

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A essa altura o Gabriel terminou de ler o post e berrou 'Meu! Nunca vi tanta cabecice junta! Vou até aumentar o som da vitrola'. Ana concordou e abriu seu sorriso de Mona Lisa.

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