terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Cogito, ergo fumo

O processo de expansão da ciência é curioso: alguém pensa num assunto novo, surge uma base de dados que permite investigar algo que ninguém conseguia medir, o avanço técnológico supera antigas barreiras a cálculos mais complexos, etc. E em pouco tempo até os alunos de direito já sabem o que está se passando e têm uma opinião sobre o assunto.

E o que está "de moda" é o processo de formação das habilidades cognitivas e não cognitivas das pessoas, bem como os efeitos disso sobre oportunidades e resultados econômicos ao longo da vida. As pesquisas mostram que a capacidade de raciocínio é formada bem no início da vida, especialmente antes dos 4 anos, e atinge o pico ao redor dos 20 anos, enquanto a capacidade de socialização e comunicação é construída de modo mais lento. A primeira tem maior importância na determinação dos salários, enquanto a segunda desempenha um papel central na estabilidade familiar, etc.

Mas hoje eu soube que há forte evidência de que pessoas com melhor raciocínio são mais propensas a experimentar drogas, de todos os tipos e em todas as idades. Quem diz é Gabriela Conti, da Universidade de Essex, na Inglaterra, que tem usado a British Cohort para demonstrar seu ponto (e não, não há a menor chance da causalidade ser na outra direção, pois as crianças começam a ser seguidas aos 7 anos de idade). Por enquanto a melhor explicação ainda é que inteligência e curiosidade andam lado a lado, mas quem tiver procurando um tópico de pesquisa, essa pode ser uma boa opção.

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