Num artigo não tão recente do autor que vos fala, constatou-se o que já se suspeitava há algum tempo: que a duração média de um posto de trabalho no Brasil é absurdamente pequena se comparada ao resto do mundo. Mas... e daí?
Daí que em geral ninguém gosta muito de ver seus rendimentos flutuarem como tapetes árabes. A vida se torna difícil de planejar, o indispensável pastel de feira começa a ficar ameaçado nos períodos de penúria, e assim por diante. Mas tudo isso está no livro-texto. O que não está é que além destes custos o acesso ao mercado de crédito fica bem mais difícil. Como consequência, as pessoas perdem com maior frequência boas oportunidades econômicas, são forçadas a pagar taxas mais altas de juros para não ter que abrir mão do pastel, etc., e no fim acabam com seu nível de bem-estar ainda mais comprometido, se comparado a outro que ao longo da vida ganhou em média o mesmo tanto, porém com menos volatilidade.
As desigualdades de oportunidade descritas acima são por enquanto um pouco mais que especulações, mas podem ajudar a explicar nossos altos níveis de desigualdade de renda (e porque as políticas educacionais, geralmente aceitas como solução óbvia para esse problema, tem dados resultados aquém do esperado).
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