sexta-feira, 30 de novembro de 2007
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Os males da rotatividade
Num artigo não tão recente do autor que vos fala, constatou-se o que já se suspeitava há algum tempo: que a duração média de um posto de trabalho no Brasil é absurdamente pequena se comparada ao resto do mundo. Mas... e daí?
Daí que em geral ninguém gosta muito de ver seus rendimentos flutuarem como tapetes árabes. A vida se torna difícil de planejar, o indispensável pastel de feira começa a ficar ameaçado nos períodos de penúria, e assim por diante. Mas tudo isso está no livro-texto. O que não está é que além destes custos o acesso ao mercado de crédito fica bem mais difícil. Como consequência, as pessoas perdem com maior frequência boas oportunidades econômicas, são forçadas a pagar taxas mais altas de juros para não ter que abrir mão do pastel, etc., e no fim acabam com seu nível de bem-estar ainda mais comprometido, se comparado a outro que ao longo da vida ganhou em média o mesmo tanto, porém com menos volatilidade.
As desigualdades de oportunidade descritas acima são por enquanto um pouco mais que especulações, mas podem ajudar a explicar nossos altos níveis de desigualdade de renda (e porque as políticas educacionais, geralmente aceitas como solução óbvia para esse problema, tem dados resultados aquém do esperado).
Crise no IPEA
O que mais surpreende nessa recente crise que o IPEA atravessa não é a covardia e a prepotência do Márcio Pochmann ou da maioria dos membros de sua diretoria, pois essas são velhas conhecidas daqueles que vivem nesse meio. É sim a repetição dos mesmos fatos ocorridos no primo distante do instituto, o INEP. No início do primeiro mandato, Lula nomeou um sindicalista travestido de acadêmico (Otaviano Helene) para presidir o instituto, ligado ao Ministério da Educação. Em seu curto mandato, Helene conseguiu interromper algumas das principais linhas de pesquisa, obstruir o andamento da coleta de dados, e constranger grande parte do corpo técnico, até ser posto para fora quando desapareceram as condições mínimas para manutenção das atividades do instituto.
A boa notícia é que o INEP sobreviveu, e uma direção competente como a atual foi capaz de recolocá-lo nos trilhos. (Aliás, Reynaldo Fernandes seria um ótimo presidente para o IPEA).
domingo, 25 de novembro de 2007
Mont Pelerin - 60 anos
Em 1947, quando o mundo pós-guerra e pós-crise de 29 dividia-se entre partidários do comunismo e diversas correntes de welfare state, a doutrina liberal enfrentou seu mais duro desafio de sobrevivência. Foi então que um de seus mais destacados pensadores à época, Friedrich Hayek, decidiu convidar um grupo de 36 acadêmicos com quem debatia frequentemente para formar uma associação de intelectuais para refletir sobre o papel do Estado e o destino do paradigma liberal. O local do primeiro encontro, a vila suiça de Mont Pelerin, deu nome ao clube, que organiza encontros periódicos desde então. O grupo original incluía 4 futuros prêmios Nobel de economia (Milton Friedman, 1976, George Stigler, 1982, Maurice Allais, 1988, além do próprio Hayek, 1974), o filósofo Karl Popper, uma das maiores referências em epistemologia do século 20, e outros economistas e filósofos importantes como Frank Knight, Ludwig von Mises, Lionel Robins, Wilhelm Röpke, Michael Polanyi, Bertrand de Jouvenel, Walter Eucken, Aaron Director e Henry Hazlitt. Dos membros que se filiaram posteriormente houve ainda outros 4 nobéis de economia (James Buchanan, 1982, Ronald Coase, 1991, Gary Becker, 1992, e Vernon Smith, 2002).
O encontro anual comemorativo dos 60 anos será realizado entre 7 e 12 de setembro de 2008 em Tóquio, e contará com a participação de proeminentes economistas como James Heckman, Myron Scholes, Gary Becker, Kevin Murphy, Edward Glaeser, Edward Lazear, Daron Acemoglu, e Robert Barro prestando tributo especial a Milton Friedman.
sábado, 24 de novembro de 2007
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Legalização das drogas
Outro dia um professor daqui (Jim Leitzel) saiu-se com uma proposta criativa para resolver o problema de produtos que causam dependência. Leitzel sugeriu que se fizesse um sistema de licenças onde aqueles que satisfizessem requerimentos básicos (como por exemplo ter completado 21 anos) poderiam solicitar uma permissão para comprar um limite x do determinado produto. A partir daí, esse documento seria renovado de tempos em tempos, com o limite podendo variar dependendo do comportamento do indivíduo no período, tal como a pontuação da carteira de motorista ou a concessão de crédito pelos bancos.
Minha primeira reação foi achar que isso jamais serviria para o Brasil, já que o mercado negro poderia prover quotas acima do limite. Além disso, se o aumento do consumo causasse maior incidência de problemas de saúde, nosso sistema público teria que ser expandido às custas de toda a sociedade, e não somente dos dependentes. Mas depois comecei a pensar que há espaço para desenhar um mecanismo de licenciamento que provavelmente levaria a um aumento de eficiência com respeito à situação atual, e que traria ainda o benefício de acabar com a discricionariedade de se proibir algumas drogas e não outras (como o cigarro e álcool). Por outro lado, o mercado negro não seria tão atrativo pois o excesso de consumo dificultaria a renovação da licença, encarecendo o consumo no futuro (tal como no caso de crédito, em que o mau pagador acaba tendo que recorrer ao agiota se quiser novos empréstimos, a juros maiores e sem proteção legal). Pode ser que desse certo.
Minha primeira reação foi achar que isso jamais serviria para o Brasil, já que o mercado negro poderia prover quotas acima do limite. Além disso, se o aumento do consumo causasse maior incidência de problemas de saúde, nosso sistema público teria que ser expandido às custas de toda a sociedade, e não somente dos dependentes. Mas depois comecei a pensar que há espaço para desenhar um mecanismo de licenciamento que provavelmente levaria a um aumento de eficiência com respeito à situação atual, e que traria ainda o benefício de acabar com a discricionariedade de se proibir algumas drogas e não outras (como o cigarro e álcool). Por outro lado, o mercado negro não seria tão atrativo pois o excesso de consumo dificultaria a renovação da licença, encarecendo o consumo no futuro (tal como no caso de crédito, em que o mau pagador acaba tendo que recorrer ao agiota se quiser novos empréstimos, a juros maiores e sem proteção legal). Pode ser que desse certo.
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quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Open House
A Casa dos Flamingos é um espaço de discussão de idéias, em particular aquelas relacionadas a economia. Flamingo é o nome do prédio onde moro aqui em Chicago. No prédio morava também o Gabriel Madeira, e foi em nossas conversas de varanda que surgiu a proposta de formar um grupo para debater alguns assuntos que achamos interessantes. Por fim, graças às garças que dão nome a um conhecido think tank carioca, emprestamos a "Casa" para os piados e bicadas das nossas aves.
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