segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Rosen e os superstars

O princípio da seleção faz parte daqueles que sempre tive curiosidade em estudar, mas nunca encontrei tempo. Havia aqui na universidade um professor que produziu um punhado de perguntas que me despertam sentimento parecido mas cuja morte prematura impediu que as respostas fossem plenamente satisfatórias.
A primeira destas vem da Economia dos Superstars, e consiste de importante fonte potencial de desigualdade de rendimentos vindo de descontinuidades na estrutura de preferências ou tecnologias. Para não afundar no economês, imagine um mundo com dois cardiologistas onde um cure uma fração de pacientes ligeiramente maior que o outro. É plausível que devido ao comportamento extremo de potenciais pacientes ante à ameaça de morte a procura pelos serviços do primeiro seja bem maior que pelo segundo, ampliando significativamente a desigualdade inicial. Em alguns casos como corridas de patentes, apenas O primeiro a fazer a descoberta recebe todo o benefício de seu empenho.

Agora imagine que na época de escolher a profissão, algumas carreiras atraiam sistematicamente os jovens mais talentosos, pela possibilidade de poder ser o melhor na área, ainda que com pequena probabilidade. Neste caso, não apenas a desigualdade será relativamente alta, como também há uma boa chance de que áreas importantes sofram de escassez de talentos. A ausência de um mecanismo para coordenar as ações nesse caso pode fazer ainda com que parte significativa das pessoas se arrependa das escolhas iniciais, e constate que tanto o tamanho da torta quanto a fatia que lhes cabe seria maior se tivesse optado por outras áreas que em princípio não pareciam tão atrativas. É surpreendentemente alta a proporção dos americanos que respondem a certa altura da vida não ter estudado o que deveriam ou quanto deveriam no passado (algo próximo de 60%, na coorte dos que terminaram o segundo grau em 72). O maior problema é que grande parte das tentativas e coordenação correm o risco de reduzir também os incentivos para que os que estão no topo da pirâmide explorem seu potencial na plenitude.

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