terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Mínimas II

... e o que mais aproxima europeus e americanos é que ambos acreditam que a essência da vida contemporânea está nos frankfurtianos.

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A concorrência está pesada. Preciso voltar a falar de economia. Só hoje ouvi a reporter de uma emissora falar que os EUA pensam em afrouxar o "embarque" a Cuba, e depois o Lulão falar que vai dar o segundo grito de independência (porque segundo alguma dessas contas malucas o Brasil passou de devedor a credor internacional, o que não é nada, não é nada,...não é nada!).

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Mínimas

O que diferencia europeus e americanos é que os europeus se divertem no horário de trabalho e usam o tempo livre para assistir cinema francês.

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Aliás, a cabecice do velho mundo está em polvorosa com as eleições americanas. Dá até vontade de votar no McCain.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Tropa de Elite

Após ganhar o Urso de Ouro em Berlin, o diretor do filme Tropa de Elite, José Padilha, concedeu uma entrevista em que dizia mais ou menos o seguinte. Em primeiro lugar, os críticos de cinema brasileiros analisaram seu filme segundo uma visão sociológica marxista. Porém, dizia ele, o filme não fora feito segundo conceitos neoliberais ou marxistas, mas de acordo com conceitos da Teoria do Jogos. Portanto, as críticas ao filme não faziam sentido.

Eu quero analisar brevemente essas afirmativas. Em primeiro lugar, se é verdade que os críticos no Brasil analisam os filmes somente segundos conceitos marxistas, trata-se de uma pobreza intelectual sem tamanho, embora não seja surpreendente.

Em segundo lugar, o diretor Padilha não podia dizer que seu filme era "neoliberal", pois seria julgado e condenado, uma vez que "neoliberal" é um termo que designa eufemisticamente as forças do mal... segundo os heterodoxos.

Em terceiro lugar, o termo "neoliberal", como não está definido em lugar algum, causa confusão e me deixa confortável por não me ter aventurado a defini-lo. Entretanto, os heterodoxos, como já escrevi, usam essa palavra para designar políticas ortodoxas. Por essa razão, se alguém substituir o termo "neoliberal" por ortodoxo no pensamento de Padilha concluirá que o diretor se confundiu. E por quê? Porque a Teoria dos Jogos é bem estabelecida na tradição ortodoxa. Logo, o conceito sobre o qual o filme se firma é ortodoxo ("neoliberal").

Já que estou aqui para tomar chuva mesmo, aproveito para dizer o que achei do filme. O filme é muito bom e tem o sentido de equilíbrio de forças que norteiam as relações entre bandidos e polícia. Nesse diapasão, a Guerra Fria também se estabeleceu sob esse embate de forças, em que o oponente se arma para dissuadir o inimigo de atacá-lo. Sendo um bom filme, merece ser assistido e apreciado. Não assisti a Sangue Negro, mas não é absurdo dizer que europeus são um pouco anti-americanos. Quero crer que Tropa de Elite ganhou porque é melhor do que Sangue Negro.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O FED e a Mocidade (por Rafael Souza)

Muito se argumenta sobre a política monetária implementada pelo FED nos últimos 10 anos e até que ponto esta política teria culminado na atual crise. No entanto, pouco se comenta sobre uma outra função, tão importante quanto, também exercida pelo FED: a de agente regulador do sistema bancário (junto com FDIC, OCC e OTS - outros órgãos reguladores). Nos dois parágrafos seguintes descrevo minha leitura da atual crise e porque aponto como culpados os agentes reguladores e não os bancos.

A função bancária sempre esteve ligada primariamente a dois tipos de risco: risco de crédito - advindo da carteira de empréstimos - e risco de termo de taxa de juros - advindo do descasamento de prazo entre passivos e ativos. Ambos apresentam como característica básica distribuição de retornos extremamente assimétrica. A função primeira e óbvia do regulador bancário, portanto, é mapear a exposição a eventos de cauda e garantir níveis adequados de capital para cobrir perdas advindas dos respectivos cenários de baixíssima probabilidade. Fica claro que os agentes reguladores americanos falharam de forma crassa, ludibriados pela cortina de fumaça gerada pela inovação fomentada nos bancos de investimento em Wall Street.

Enquanto CDOs, CDO2s, CMBSs e outras criações da engenharia financeira eram propagandeadas como forma de melhor diversificar o risco de crédito e reduzir o risco sistêmico, os reguladores não enxergaram um rio de nuances que mais tarde viria a cobrar um preço extremamente caro a toda sociedade. Primeiro, os CDOs acentuaram a assimetria de retornos advinda do risco de crédito, reduzindo a probabilidade da materialização de cenários negativos (nas tranches mais seniores). Isto incentivou a tomada de risco, aumentando o tamanho das perdas nos cenários improváveis. Segundo, os CDOs transferiram este tipo de risco - com distribuição de retornos extremamente assimétrica -para a mão de entidades não-reguladas (hedge funds) e sem a expertise de gestão de crédito dos bancos. E terceiro, os CDOs sintéticos aumentaram a quantidade total de risco no sistema. Três ações de impacto extremamente
relevante que, assim como na física, pediam uma reação imediata dos órgãos reguladores, que simplesmente nao ocorreu.

É preciso entender que nem os incentivos e nem o principal tipo de risco incorrido pelos bancos mudou. Os bancos agiram conforme o script, dados os incentivos. Do lobo mal se espera sempre que ele queira comer a vovozinha. Os agentes reguladores, no entanto, dormiram no ponto e sonharam. Sonharam que 10 anos de inovação em derivativos de crédito trariam apenas benefícios ao sistema financeiro; que o incentivo dos bancos de investimento teria deixado de ser de curto prazo; e que traders e estruturadores estariam desenvolvendo novos produtos para melhorar a eficiência de distribuição de risco pelo sistema. O samba da Mocidade finalmente encontrou seu contraponto: sonhar está custando alguns bilhões de dólares à economia
americana.

Crise americana (forthcoming)

Você sabe o que está por trás da atual crise bancária que tem afetado os Estados Unidos e desafiado a capacidade do FED (banco central americano) de reagir à ameaça de recessão? Não??
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Bom, eu também não, mas logo mais vou publicar aqui o que pensa Rafael Souza, um dos talentos mais promissores de Wall Street e provavelmente o maior cavaquinista ao norte de Fortaleza, e que tem observado a conjuntura de dentro do furacão.